Quem venham os 28

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“Viver é acalentar sonhos e esperanças,
fazendo da fé a nossa inspiração maior.
É buscar nas pequenas coisas,
um grande motivo para ser feliz!”
Mario Quintana

Por que é que criar expectativas – mesmo não sendo aconselhável – continua sendo um “passatempo” interessante para a maioria dos humanos?
Perguntinha capciosa essa, não?

Bem, ao levarmos em conta todas as decepções advindas de “fantasias”  outrora orquestradas com maestria por nós mesmos, deveríamos, há tempos, já ter aprendido que as expectativas além de prejudiciais à saúde mental, são também elas as responsáveis por incontáveis “DRs” que, normalmente terminam mal.
Eu, por exemplo, aprendi, ainda criança, que não deveria me iludir com quem quer que fosse, pois sendo as outras pessoas diferentes de mim, certamente agiriam de maneiras outras às minhas expectativas. Com tal concepção da realidade, confesso ter passado toda a minha infância – e parte da adolescência – segura das decepções. Entretanto, ao chegar na fase final da puberdade, acabei atraiçoada por um sentimento – embora belo – intenso,  que trouxe consigo a fantasia. Socorro!!!

Como não criar expectativas na adolescência? Eu me encantei por um amigo e, claro, como toda menina ingênua eu fantasiei histórias de amor, daquelas que vemos em filmes da sessão da tarde. Entretanto, como nunca fui muito “delicada”, e me comportava mais como um “moleque” briguento do que como uma mocinha fofa, meu amigo jamais foi capaz de me enxergar como uma possível namoradinha… Mas nunca deixei se ser “seu melhor amigo”. É, como eu era praticamente um menino, ele se relacionava comigo como se eu fosse um igual.
Pronto. Expectativas dilaceradas pela minha falta de tato e, por qual razão não dizer burrice.

Decidi que não mais criaria histórias mirabolantes em minha mente, pois assim não mais sofreria “decepções” originadas por mim mesma. Sim, porque engana-se quem joga a culpa da decepção no outro. Se você é quem cria expectativas, se autoilude com probabilidades, possibilidades e terminologias, não tem o direito de redirecionar suas fantasiais para outro, e ainda por cima julga-lo e condena-lo por não ter cumprido com seu roteiro descabido.
Hoje, na fase adulta – e a caminhar para os “enta” -, não mais crio expectativas, principalmente sobre mim mesma. Pois é, as minhas maiores decepções advieram do cérebro inconsequência que habita em mim. Eu  produzia, com requintes de crueldade, as mais mirabolantes histórias com “happy end”, eu mesma me feria com divagações entusiasmadas e sem propósito… “Guilt”

Então agora, me enganando constantemente e fingindo que não mais crio expectativas sobre pessoas, situações e até mesmo sobre meu próprio futuro, adentro os dias, meses e anos sem comigo trazer o que as reais ações podem de fato me proporcionar.
Numa virada de ano as pessoas fazem promessas, abraçam os seus e proclamam que o novo ano será um arraso, repleto de realizações e encantos mil. E isso é algo bom de se escutar… De se acreditar. Eu mesma gosto de passar boas mensagens aos meus na virada de ano. Gosto de vê-los alegres com a possibilidade de dias incrivelmente melhores, sadios, plenos e acalorados. Tal atitude não é demonstração de credulidade nas expectativas, não. É apenas a vontade e a esperança de ver quem se gosta acreditar nas possibilidades…

E se ao virar o ano temos esta vontade imensa de desejar ao outro uma felicidade quase que platônica, por qual motivo não repetir tal gesto a cada nova virada de mês, dia, hora?
Almejar esperançosamente que a felicidade alcance a si próprio e aos que o cercam, não é, em absoluto,  criação de expectativas e, por consequência, produção antecipada de decepções. É apenas viver de forma leve, descontraída e desobrigada, sem que “incumbências” sejam os personagens principais da sua trama.
Criar expectativa é obrigar a si próprio (ou o outro) a fazer algo que gostaria que fizesse, mesmo não sendo, nem tampouco tendo, a vontade de fazê-lo. Enquanto desejar… almejar, trabalhar e esperar que coisas boas aconteçam, é simplesmente tornar a vida, já repleta de obrigações, mais serena, mais festiva, mais confiante num incerto, mais esperançosa com o futuro.

Assim sendo, estimados, desejo a todos um feliz fevereiro, repleto de sorrisos e realizações! (ah, e uma bela pitada de encanto, ternura e amor, rs)